Um acidente ambiental ao redor da nossa floresta nativa deixou sequelas no solo e causou o rompimento da represa que fornecia água à propriedade rural. O acidente ocorrido em 2016 foi causado pelo fenômeno El Niño que, na ocasião, foi classificado como um fenômeno anômalo de forte intensidade. O fenômeno foi a causa da degradação de parte do solo da propriedade rural que ambienta o projeto Donna Floresta.
O El Niño acarreta chuvas muito superiores às médias pluviométricas e, nos anos de 2015 e 2016 em particular, causou chuvas que provocaram grandes impactos regionais, principalmente na zona rural do município de Cruzeiro do Sul. Portanto, a floresta nativa RPPN/Duas Fontes onde acontece o projeto Donna Floresta foi palco das fortes chuvas decorrentes do El Niño; assim como outras 03 propriedades rurais circuvizinhas.
Devido ao fenômeno El Niño as chuvas ocorreram de maneira concentrada e acabaram causando muitos processos erosivos, principalmente nos solos de textura média e arenosa, como são os solos encontrados na região no Noroeste do Paraná onde a floresta se encontra. Pelo impacto das chuvas grandes volumes de solo foram arrastados. A água da chuva em quantidade também se concentrou sobre o solo, nos chamados vales e berços, ou áreas côncavas.
Foram os volumes de água concentrada que acabaram provocando várias erosões, principalmente aquelas de grande impacto negativo sobre o ambiente, as chamadas Voçorocas. E isso aconteceu não somente na zona rural onde a floresta se encontra, também em outras áreas do Noroeste do Paraná. As Voçorocas são processos erosivos muito profundos com vários metros de profundidade. Em razão das chuvas fortes provocadas pelo El Niño a área do projeto sofreu, além da perda de solo, o transporte do solo erodido aos cursos d´água da floresta. As fortes chuvas causaram ainda o estouro da nossa represa.
As chuvas abundantes do El Niño provocam grandes problemas: Não somente assoreando os rios com os sedimentos transportados pelas águas das chuvas mas também impactando toda fauna aquática de ambientes naturais e sendo causa de agudo desequilíbrio ambiental. Quando fenômeno El Niño começa a acontecer devemos voltar a atenção não somente aos impactos causados, mas a recuperação e preservação das áreas afetadas. Embora não seja um processo tão fácil de se fazer, a necessidade da recuperação das áreas afetadas e o cuidado com a manutenção da fauna e da flora são imprescindíveis.
Entretanto, a biodiversidade e os elementos saudáveis da terra podem ser recuperados. E essa tarefa deve se aliar a proteção das áreas onde o acidente ocorreu. E isso se faz cercando a área afetada, impedindo a entrada de animais e plantando árvores nativas. A natureza tem uma inteligência autônoma para a recuperação natural do solo e da fauna e flora. A ajuda humana, através do plantio de árvores nativas auxilia no recobrimento dos solos, reduzindo o impacto direto das gotas de chuvas sobre a superfície desprotegida. As árvores têm ainda o papel de recuperar as características físicas e químicas do solo, devido a presença de maior quantidade de matéria orgânica dispendida dessa vegetação. Portanto, a intervenção do ser humano pode e deve contribuir de forma significativa na recuperação das áreas degradadas e a floresta nativa agradece os protetores da vida.
Texto escrito com informações cedidas pelo Dr. Hélio Silveira, Professor no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá/UEM. O professor coordena estágio universitário e trabalho de pesquisa científica de cinco universitários vinculados ao trabalho de recuperação de área degradada pelo ITCM no Donna Floresta.